Teias de Paz

Teias de Paz

Kayhiel José

A crise na Ucrânia é um triste exemplo da capacidade humana de causar destruição, com raízes na disputa territorial da Crimeia, questões étnicas e linguísticas. Por trás disso, a Rússia busca controle estratégico na região devido às bases navais e sua influência histórica. As consequências incluem interferência na soberania, divisões étnicas, corrupção, problemas infraestruturais e falta de investimento estrangeiro, causando devastação política, econômica e social.

Mas, em essência, esta contenda transcende o mero cenário político. Ela reflete a batalha invisível entre forças espirituais opostas. A violência e o conflito são uma manifestação de forças negativas que tentam obscurecer a Luz da harmonia Divina e refletem um desequilíbrio interior que deve ser superado, não apenas através de negociações diplomáticas, mas também por meio da busca interior por compreensão, perdão e transformação. O Caminho da Paz é, portanto, uma jornada espiritual em direção à união com o Divino e à restauração da harmonia universal. A conciliação entre as nações não deve ser apenas um objetivo político, mas um dever espiritual.

Na autêntica Tradição esotérica, a busca pelo entendimento transcende fronteiras físicas e culturais, unindo todos os seres por meio da Chama Interior que compartilhamos. A essência da doutrina moral cristã, verdadeira, universal e atemporal, independentemente de religião ou filosofia, enfatiza o amor ao próximo como um princípio que se sobrepõe à violência e à destruição indiscriminada, reconhecendo que todos somos filhos de Um único Pai, de Amor e Bondade, tanto no Céu quanto na terra.

Além do mais, muito embora o Antigo Testamento esteja eivado de terríveis batalhas e atrocidades individuais, o autêntico místico sabe que o gênero humano descende do Primeiro Homem, e que a mais fidedigna tradição oral confirma que Adam HaRishon é um Missionário da Luz, ao contrário do que as errôneas interpretações bíblicas fazem crer, o que nos torna herdeiros, ainda que inconscientes, dos mais elevados princípios e valores morais, pois correm em nossas veias – nas veias de toda raça humana. Isto pode parecer mera utopia ou conto infantil, mas esta Verdade está cada vez mais lúcida nas mentes dos homens e mulheres de boa vontade, tornando o inconsciente coletivo mais limpo e claro.

Neste contexto de disputas mundiais, somos instados a refletir profundamente sobre as implicações ocultas de nossas ações coletivas, lembrados pela sabedoria mística de que a violência só perpetua o ciclo de sofrimento. A busca pela paz requer semear grãos de compreensão e perdão, e a Divina Ciência destaca a importância dos laços invisíveis que transcendem fronteiras e ideologias, promovendo a união para resolver crises globais. A solidariedade e a cooperação refletem o respeito pela dignidade humana, e é essencial que líderes e cidadãos ajam com sabedoria, bondade e amor na busca por soluções pacíficas e sustentáveis, reconhecendo nosso papel como cocriadores do Universo e as implicações de nossas escolhas para as futuras gerações.

Ao olharmos para a crise na Ucrânia através da tradicional mística judaico-cristã, percebemos que a guerra é a negação de nossa humanidade e da busca pelo Divino que nos une. O Deus de nossas almas e corações anseia por ser descoberto, tal qual criança que se esconde querendo ser encontrada. Em vez de ceder ao ciclo de conflito, temos a oportunidade de transformar essa crise em uma jornada em direção à paz, harmonia e redescoberta de nossa essência espiritual, sublimando energias negativas em campos de luz em nossas consciências.

Que possamos todos, como uma família global, entrar em prece e unir nossos pensamentos e intenções em prol da paz duradoura na Ucrânia e em todo o mundo, inspirados nos Altos Ensinamentos que nos convidam a transcender as diferenças, abraçar a Unidade que reside em nós e formar verdadeiras e consolidadas teias de paz.