JoaoEvangelista: Entrevista Póstuma

dez/23

ENTREVISTA PÓSTUMA

João, o Evangelista: revelações celestiais*

(simulação de uma entrevista fictícia com base em dados biográficos reais)

Em meio aos mistérios que transcendem as fronteiras do tempo, abrimos as páginas da espiritualidade para uma entrevista singular e transcendental. Em nosso encontro além dos limites do presente, temos a honra de trazer à luz as palavras e reflexões de uma figura que marcou as páginas da história cristã: São João Evangelista.

Nesta conversa póstuma, mergulharemos nas profundezas da sabedoria espiritual de um dos apóstolos mais próximos de Jesus Cristo. São João, conhecido como o "Apóstolo Amado", nos conduzirá por caminhos esotéricos, compartilhando suas experiências íntimas com o Divino e oferecendo vislumbres esclarecedores sobre os mistérios celestiais.

Prepare-se para uma jornada única, onde as fronteiras do tempo se desfazem, e o conhecimento esotérico se entrelaça com a mensagem eterna de amor e luz. Em nossa entrevista além dos véus da existência terrena, exploraremos os ensinamentos espirituais que ecoam através dos séculos, revelados por aquele que viveu em proximidade íntima com o Mestre. Bem-vindos a um diálogo além do tempo, guiado pela luz da espiritualidade e pela presença singular de São João Evangelista.

Revista Tradição: João, obrigado por nos receber aqui em Patmos, é uma honra poder conversar com o senhor, mesmo que de forma póstuma. Como está sua experiência aqui no exílio?

João: Estar exilado aqui em Patmos é uma experiência desafiadora, mas também enriquecedora. Este lugar isolado me permite estar em profunda comunhão com Deus e refletir sobre minhas experiências com o Mestre Jesus. Aqui recebi muitas revelações. Apesar das dificuldades, encontro paz e propósito nesta ilha, onde continuo a servir ao Senhor da melhor maneira possível.

RT: Conte-nos como foi seu encontro com Jesus?

João: Meu irmão Tiago e eu vivíamos na Galileia, onde trabalhávamos como pescadores no Lago Genesaré. Éramos discípulos de João, o Batista, que nos batizou e prometeu que o Messias já estava entre nós. Um dia, o Mestre passou a alguma distância de nós e João falou: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo." Nunca me esqueci destas palavras. No dia seguinte, a mesma cena se repetiu, e eu e Tiago passamos o dia com Ele. Algumas semanas depois, enquanto estávamos em nossa barca consertando as redes, Mestre Jesus nos chamou para segui-lo. Pedro e André já estavam com Ele.

RT: Você e seu irmão Tiago receberam de Jesus o apelido "Filhos do Trovão". Vocês realmente queriam chamar o fogo do céu para os Samaritanos que rejeitaram Jesus?

João: Sim, é verdade. Realmente éramos enérgicos defensores do Senhor e de Sua missão. No entanto, naquele momento, não compreendíamos completamente Sua mensagem de amor e perdão. Queríamos ver Sua glória revelada e, às vezes, agíamos com zelo excessivo. Com o tempo, aprendemos que Seu Reino não é deste mundo e que a verdadeira força está no amor e na caridade.

RT: Alguns dizem que você é o discípulo mais amado de Cristo. Pode nos falar sobre essa relação especial que tinha com Ele?

João: Não é bem assim, pois o amor de nosso Mestre é igual para todos. A verdade é que eu sinto um profundo amor por Ele, e Ele demonstrava um carinho especial por mim. Estive presente em momentos cruciais de Sua vida, como a Transfiguração e a crucificação.

RT: Você e Pedro sempre foram muito próximos. Como se formou essa amizade?

João: Antes mesmo de conhecermos o Mestre, já éramos parceiros de pesca. Testemunhamos juntos eventos especiais, como a Sua Transfiguração e a ressurreição da filha de Jairo. Esses momentos reforçaram nossa fé e compreensão da natureza Divina do nosso Mestre. Depois de Sua ascensão, trabalhamos para guiar a comunidade em Jerusalém e espalhar o Evangelho. Pedro e eu tínhamos personalidades diferentes que se complementavam, equilibrando nosso ministério. Até cálice envenenado bebemos juntos, mas com a graça de Deus não sofremos nenhum mal. Pedro é um amigo leal e um companheiro de jornada espiritual ao lado de quem compartilhei muitos desafios e vitórias durante nossas vidas.

RT: João, por que alguns acontecimentos da vida de Jesus somente foram presenciados por você, Tiago e Pedro?

João: Na época não entendíamos bem, mas hoje compreendemos porque fomos testemunhas diretas de eventos especiais na vida do Mestre Jesus, manifestações de Sua glória e poder. O Mestre estava nos preparando para papéis de liderança, nos proporcionando uma compreensão mais profunda de Seu ensinamento e de Sua real natureza para que pudéssemos liderar os outros com sabedoria e autoridade. Nossa proximidade com o Mestre nos permitiu desenvolver uma relação de confiança e intimidade com Ele. Ele compartilhou ensinamentos reservados e revelações conosco, sabendo que poderíamos compreender e transmitir Sua mensagem com fidelidade.

RT: De que maneira sua convivência com Maria influenciou sua fé e missão como apóstolo?

João: A convivência com mãe Maria foi uma das experiências mais transformadoras de minha vida. Em momento de grande dor, o Mestre me deu uma Santa Mãe. Isso não foi apenas uma responsabilidade, mas uma honra sem tamanho que me foi confiada. Mãe Maria é um farol de pureza, amor e devoção a Deus. Sua presença era uma fonte constante de inspiração e fortalecimento. Ela sempre me contava detalhes da vida do Mestre Jesus. Orávamos e meditávamos constantemente, e juntos passávamos horas em comunhão com Deus. Sua profunda fé e submissão à vontade de Deus são um exemplo a seguir, e sua sabedoria moldou minha fé. Sua presença e orientação na comunidade sempre foi um alicerce para os irmãos. Era nossa rainha, enfermeira e conselheira.

RT: João, você estava no momento em que Maria deixou este plano e subiu aos céus. Podemos falar a respeito?

João: [chora muito] Mãe Maria dormiu e seu corpo ficou envolto em uma nuvem de luz. É tudo que posso falar. Não sei se a comunidade está pronta para a verdade. Maria é um ser especial. Seu nascimento foi especial, e assim também sua ascensão.

"Sua presença e orientação na comunidade sempre foi um alicerce para os irmãos. [Maria] era nossa rainha, enfermeira e conselheira."

RT: Então vamos para a próxima pergunta. Você teve uma experiência sobrenatural com Jesus durante a crucificação. Pode falar a respeito?

João: [visivelmente emocionado] Posso sim. Antes, em nossa última ceia, participamos de um ritual sagrado com o Nosso Senhor. Depois, partimos para o Monte das Oliveiras, onde Ele foi preso. Quando estava sobre a cruz na véspera do Shabbat, na sexta hora do dia, houve um momento de grande angústia e escuridão sobre a terra. Não aguentei e voltei para o Horto. Lá chorei muito, e orei, orei. Foi um momento em que meu coração estava pesado de dor e meu espírito estava cheio de perguntas sobre o que estava acontecendo. Foi então que algo extraordinário ocorreu. O Mestre apareceu em Espírito. Ele não estava mais na cruz, Sua presença estava ali, iluminando a escuridão ao meu redor. Sua voz era clara, gentil e cheia de uma Força Divina que não posso descrever em palavras. Ele me disse: "João, para o povo lá em baixo em Jerusalém, Eu estou sendo crucificado e perfurado com lanças e espinhos, e estão me dando vinagre e bile para beber. Mas para você, Eu estou falando. Escute o que Eu digo”. Era como se estivéssemos em outro tempo e lugar. Ele me revelou mistérios e ensinamentos profundos sobre Sua Natureza Divina e missão. Vi uma cruz de Luz, firmemente fixa, e uma multidão ao seu redor. Falou que essa cruz era chamada de Verbo e muitos outros nomes, cada um com um significado profundo, revelando que essa cruz unifica todas as coisas pela Palavra, separando o mundano do eterno; que é a chave para a compreensão das causas da Criação e das criaturas. Ele explicou que Sua Natureza transcende todas as formas e definições humanas, e que Sua obra é um mistério que ultrapassa nossa compreensão. No Monte das Oliveiras, eu fui abençoado com uma visão espiritual que mudou para sempre minha compreensão do Mestre e de Sua missão. Aquilo que Ele me revelou naquele momento é um tesouro que vou compartilhar com a humanidade em meu livro sobre a Boa Nova, que começarei a escrever em breve.

RT: Antes de falar a respeito deste seu novo projeto, queria lhe perguntar a respeito de um acontecimento durante a Santa Ceia. É verdade que naquele momento Jesus revelou que Judas seria o traidor?

João: [muda de tom e de semblante] Judas não traiu Jesus! Definitivamente, isto precisa ficar esclarecido para todas as gerações. Eu estava bem ao lado de nosso Mestre quando ele disse que aquele que molhasse o pedaço de pão seria a pessoa que iria lhe entregar. “Entregar”, entendeu, não trair. Em nenhum momento Jesus disse que seria traído. Como alguém poderia trair o Filho de Deus, conhecedor de tudo que se passa nos corações humanos? Ele até mandou Judas se apressar e fazer logo o que tinha que fazer. Judas sempre foi de nossa confiança e amava muito a Jesus. Sua missão foi a mais árdua, e ele mesmo não aguentou. Sua desilusão o levou a um fim trágico, mas um dia a humanidade compreenderá que tudo aconteceu como tinha que acontecer. Ele pensava como os judeus pensam ainda hoje, que o Messias tomaria o poder em Israel à força, libertando o povo do jugo romano. Judas não aguentava o sofrimento de seu povo e queria por um fim a tudo aquilo. Mas o Messias prometido pelos profetas veio para restaurar o Reino de Deus nos céus, e não sobre tronos de madeira e metal. Judas estava enganado em seu mente, mas jamais em seu coração.

RT: Isto é magnífico! Mas, João, no início desta entrevista, você mencionou que teve revelações aqui na ilha. Gostaria de saber se essas revelações são de natureza pessoal ou se você planeja compartilhá-las com a comunidade?

João: Muitas dessas revelações não me pertencem, mas a toda humanidade, e já estão escritas. Esta ilha será sempre considerada sagrada para mim, pois aqui tive visões que desvelaram mistérios e mostraram as tribulações do povo de Deus e seu Triunfo Final. Essas visões podem fortalecer a fé do nosso povo e prepará-lo para os desafios que virão. Em breve, os pergaminhos do livro Revelações chegarão a todas as comunidades.

RT: É verdade que você sobreviveu a óleo fervente?

João: Muitas pessoas não acreditam, mas realmente aconteceu. O imperador Domiciano me perseguiu implacavelmente, até que fui preso e colocado numa panela fervendo com óleo. Saí ileso desse caldeirão, um verdadeiro milagre. Não me lembro bem o que aconteceu naquele momento, pois era como se eu não estivesse ali, mas num campo de luz além deste mundo. Acho que fui arrebatado, e tenho uma certeza dentro de mim que isso também aconteceu com outros de meus irmãos em seus momentos de maior aflição.

RT: O imperador Domiciano morreu recentemente. O que pretende fazer agora?

João: Fiquei sabendo que seus decretos cruéis serão revogados. No auge dos meus 90 anos, pretendo voltar a Éfeso e escrever um livro para eternizar minha compreensão da Boa Nova.

RT: Pode falar a respeito deste projeto?

João: Em linhas gerais, vou transmitir a mensagem de amor do Messias Jesus e enfatizar sua Natureza Divina, Sua união com Deus como Verbo encarnado, e destacar Sua missão como Salvador da humanidade.

RT: Para finalizarmos, não poderia deixar de perguntar sobre a intrigante ciência mística dos judeus, a Cabalá, já que você é conhecido como um cabalista. Como esta ciência pode contribuir para a compreensão dos Mistérios de Cristo?

João: A Cabalá é uma chave para compreender profundamente os mistérios divinos, transmitidos ao longo das gerações desde Melquisedeque até Abraão, e posteriormente, registrados por Moisés no Pentateuco. Na doutrina de Cristo, a Cabalá pode ser equiparada ao Alfabeto da Palavra, revelando a constituição primordial do Espírito humano, com o Verbo como princípio comum. Quando o Mestre proclamou "Ó Pai! Coroa-me da Glória que tive antes que este Mundo tivesse existido!", Ele lançou luz sobre esse mistério, referindo-se à Sua obra como Verbo Criador, responsável pela Criação direta do Mundo Divino e Eterno da Glória. Neste livro que escreverei em breve, buscarei destacar essa união entre o Verbo e a Criação, pois o Princípio é o Verbo, que é Deus e se fez carne para habitar entre nós. Na visão que tive aqui na ilha, ouvi a Voz Divina me dizer: "Eu Sou o Princípio e o Fim", o que ressalta a continuidade desse Princípio Divino ao longo da história da Criação.

RT: João, suas palavras são verdadeiramente inspiradoras e esclarecedoras. Sua vida e ensinamentos continuarão a influenciar a fé cristã por gerações. Ao mesmo tempo em que agradecemos por compartilhar sua sabedoria e experiência conosco, pedimos que nos deixe uma mensagem final para os tempos atuais e futuros.

João: Obrigado por esta oportunidade. Que a paz e a graça do Senhor estejam convosco. Em tempos de desafios e incertezas, recordai-vos da essência do amor que o Mestre nos ensinou. Que vossas vidas sejam permeadas pela caridade, pela humildade e pela busca constante da verdade. Permanecei fiéis à fé, mantendo acesa a chama da esperança mesmo nos momentos mais sombrios. Não temais as tribulações que o mundo possa impor, pois o Senhor já venceu o mundo. Que a oração seja vossa fortaleza, e a Palavra de Deus, vossa bússola. Que o Espírito Santo guie vossos passos, iluminando vossas mentes e inflamando vossos corações com o fogo do amor divino. Que esta mensagem ecoe através dos séculos, como um chamado constante para viverdes uma vida digna do Evangelho. E que a graça abundante do Senhor esteja convosco, hoje e sempre. Amém.

"O Mestre apareceu em Espírito. Ele não estava mais na cruz, mas Sua presença estava ali, iluminando a escuridão ao meu redor. Sua voz era clara, gentil e cheia de uma força divina que não posso descrever em palavras."

Nota:

* Texto editado com base em biografia elaborada pela SCA.