Amor Além da Vida
Amor Além da Vida
Gabriel Talisien
"Amor Além da Vida" é uma notável obra cinematográfica que transcende as fronteiras do tempo e do espaço, explorando os temas do amor e da conexão humana de maneira intensa e ousada. Dirigido por Vincent Ward e estrelado por Robin Williams e Annabella Sciorra, o filme atrai o público com sua narrativa emocionalmente envolvente.
Baseado no livro "What Dreams May Come," de Richard Mathson, a trama segue a jornada extraordinária de Chris Nielsen (Robin Williams) após sua morte prematura e sua busca incessante por sua esposa, Annie (Annabella Sciorra), que também faleceu tragicamente. A película oferece uma perspectiva única do pós-vida, pintando um cenário surreal repleto de possibilidades infinitas. Sua abordagem singular transporta os espectadores para uma realidade onde as possibilidades se estendem indefinidamente, criando um universo cheio de simbolismo e significado.
Nesse contexto, são retratadas duas paisagens impressionantes e contrastantes: o inferno e o Céu. O inferno é um lugar de sofrimento, mas não da forma convencional. O longa explora uma perspectiva mais psicológica, onde indivíduos confrontam seus próprios arrependimentos e traumas, resultado de escolhas e ações passadas. Aqui, o sofrimento surge como uma busca pela redenção, enfatizando a importância do crescimento pessoal e da superação de desafios internos.
Por outro lado, o Céu é representado como um local de serenidade e beleza expansiva, onde os desejos e sonhos individuais se realizam. Cada pessoa tem o poder de criar sua própria realidade, moldando paisagens idílicas que refletem seus desejos mais profundos, evocando uma sensação de paz e satisfação na busca da felicidade.
O filme também apresenta a noção de que no mundo espiritual, o tempo é fluido e a experiência é não linear. Através da jornada de Chris, testemunhamos diferentes períodos da vida de sua esposa, Annie, incluindo momentos passados, presentes e futuros. Essa abordagem desafia a concepção tradicional de tempo, permitindo que os personagens obtenham uma compreensão mais profunda das escolhas e consequências ao longo de suas vidas.
A capacidade de moldar os cenários, na vida após a morte, por meio da imaginação, também é um dos aspectos intrigantes do filme. Essa habilidade é uma manifestação direta dos desejos, anseios e emoções mais profundas dos indivíduos, explorando a complexa conexão entre a mente, a alma e a realidade espiritual. Cada pessoa tem a capacidade de criar um ambiente que espelha suas aspirações, paixões e sonhos, tornando a jornada após a morte uma manifestação única de sua essência e uma oportunidade de crescimento pessoal e superação.
Entretanto, a obra também alerta sobre os perigos da ilusão e da negação ao sugerir que criar cenários imaginários pode ser uma fuga da realidade e da necessidade de enfrentar as consequências de suas ações. Isso ressalta a importância de encontrar um equilíbrio entre a construção de um ambiente confortável e a confrontação das questões subjacentes.
No entanto, o ponto central que desejamos explorar nesta coluna é a representação do plano astral. Não podemos determinar se o autor do enredo retratou o plano etéreo dessa maneira com conhecimento de causa, ou se o fez por inspiração pura ou imaginação artística fértil. No entanto, o que importa é que o filme descreve o astral de forma precisa, como algo fluido e altamente maleável pelo poder do pensamento. Isso pode ser difícil de compreender para aqueles que nunca tiveram experiências místicas desse tipo, mas pode ser sentido por todos nós quando analisamos nossos próprios sonhos, especialmente aqueles que já experimentaram vivências em sonhos lúcidos.
O místico sério precisa conhecer a natureza deste plano, para não cair no engodo da própria mente e ser vítima de visões por ele mesmo criadas, muitas vezes inconscientemente, sejam em sonhos, estados meditativos profundos ou equivalentes, haja vista grande parte das experiências transcendentais ocorrerem nesse nível de vibração.
Por isso, selecionamos o filme “Amor Além da Vida” para inaugurarmos a coluna Sétima Arte, uma obra cinematográfica clássica, emblemática e, acima de tudo, esclarecedora.
Bom filme!