A Mítica Fênix

Ben Ramá

mar/24

MITOS, CONTOS & LENDAS

A Mítica Fênix

Em tempos imemoriais, antes mesmo de deuses e homens darem forma e ordem ao caos primordial, existia uma criatura de esplendor inigualável, um ser cuja existência desafiava o próprio ciclo da vida e da morte. Esta era a Fênix, o pássaro de fogo, cujas plumas ardiam com as cores do crepúsculo eterno, mesclando o vermelho profundo, o laranja vibrante e o dourado puro, em um espetáculo que fazia o próprio sol parar para admirar.

Diz-se que a primeira Fênix surgiu das profundezas do nada, nascida das chamas purificadoras que consumiam e renovavam o universo em seus primórdios. Ela era única, solitária em sua eternidade, governando os céus com suas asas majestosas, cujo bater ecoava os segredos do fogo eterno, capaz de criar e destruir.

A cada mil anos, sentindo o peso da idade e o desgaste do tempo imemorial, a Fênix empreendia uma jornada até o coração de uma terra esquecida pelos deuses, um santuário oculto onde nenhum mortal ousava pisar. Lá, no meio de um jardim secreto, existia um altar antigo, adornado com pedras preciosas que capturavam a luz do sol e a refletiam em mil e uma cores.

Era neste altar sagrado que a Fênix construía seu ninho, utilizando ramos de incenso, canela e mirra, materiais que absorviam a essência do divino. Conforme o crepúsculo dava lugar à noite, a Fênix entoava um canto de despedida, uma melodia tão antiga quanto o tempo, carregada de tristeza e esperança. Suas lágrimas, dizem as lendas, eram pérolas incandescentes que caiam no ninho, selando seu destino.

Então, ao primeiro raio de sol da alvorada seguinte, uma grande chama consumia a Fênix e seu ninho, um fogo tão puro e brilhante que ofuscava a luz do dia. Este fogo não era de destruição, mas de renovação, pois das cinzas do antigo, uma nova Fênix surgia, renascida, jovem e forte, herdeira de todo o conhecimento e magia de sua predecessora, pronta para começar sua longa vida.

A nova Fênix, após emergir das cinzas, recolhia as pérolas de suas lágrimas antigas e voava para o céu, oferecendo-as aos deuses como tributo e lembrança de sua eterna renovação. Os deuses, em troca, abençoavam a Fênix com o dom da imortalidade, assegurando que o ciclo da vida, morte e renascimento continuasse, um lembrete eterno da capacidade de renovação e da perpetuação da vida.

Assim, a Fênix tornou-se um símbolo de imortalidade, renascimento e purificação, uma ponte entre o divino e o terreno, trazendo esperança para todos os seres vivos de que, não importa a escuridão da noite, o sol sempre surgirá no horizonte, trazendo consigo um novo começo. E até hoje, diz-se que em algum lugar remoto, protegido pelos deuses e oculto aos olhos mortais, a Fênix continua seu ciclo eterno de morte e renascimento, um farol de luz eterna na escuridão do desconhecido.

[autor desconhecido]